Charla: Sociolingüística & Gramática

02.12.2008 00:00

El lunes 1º de diciembre, el Instituto contó con la presencia de la profesora Paula Francisca Soares de la Facultad de Letras de la Universidad Federal de Minas Gerais (UFMG) de Brasil quien dio una charla sobre Sociolingüística & Gramática orientada al PLE. La exposición comenzó con una introducción sobre las definiciones de lengua a partir de perspectivas teóricas diferenciadas, la Sociolingüística y la Gramática Normativa. Luego de darnos elementos suficientes para comenzar a comprender los conceptos de lengua homogénea o heterogénea, norma lingüística, error lingüístico, nuestra invitada se dedicó a analizar los aportes que la Sociolingüística brinda a la enseñanza de portugués como lengua extranjera. Con conceptos claros y amenos Paula mostró diferentes propuestas en respuesta a los problemas que plantea la variación de los hechos lingüísticos.

La charla fue ilustrada con diapositivas y resultó sumamente interesante e instructiva como así también clarificadora para los asistentes, docentes y futuros profesores, alumnos del profesorado.

 

Resumen de la charla

Sociolingüística & Gramática - por Paula Francisca Soares

A proposta desta palestra é refletir sobre algumas questões relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa do Brasil, focalizando-a como PLE[1]. A partir de duas definições de língua, uma presente na Sociolingüística Laboviana (cf. Labov, 1968: 241) e outra presente em uma gramática tradicional (cf. André, 1985:5), verificam-se as visões de língua homogênea ou heterogênea. Assim, ao definir língua como "um conjunto estruturado de normas sociais", Labov já de início aponta para um dos princípios fundamentais da Sociolingüística: a variação, a qual é totalmente negada nos estudos estruturalistas, evidenciados nas abordagens das gramáticas normativas (ou tradicionais). A contraposição à visão homogênea estruturalista de língua é apresentada por Labov ao dizer que "todavia, as análises do contexto social em que a língua é utilizada vieram demonstrar que muitos elementos da estrutura lingüística estão implicados na variação sistemática que reflete tanto a mudança no tempo quanto os processos sociais extralingüísticos”. Nesta definição, Labov aborda os seguintes pontos: 1º. Apresenta a análise da língua em um contexto social; 2º. Vê a variação como algo sistematizável; ou seja, reconhecer a existência da variação lingüística não é colocar-se o ‘chapéu do caos’! Desse modo, a grande proposta da sociolingüística é reconhecer que o universo aparentemente caótico da língua falada existe, porém é passível de ser processado, analisado e sistematizado (cf. Tarallo, 1986); 3º. A mudança lingüística é um fato que merece um estudo diacrônico. Isto porque Weireich, Labov e Herzog (1968) ao apresentarem os “fundamentos empíricos para uma teoria da mudança lingüística” , buscavam recolocar os estudos lingüísticos históricos novamente em uma posição de liderança junto às disciplinas lingüísticas (conforme nos conta Faraco, na introdução à tradução da obra destes pesquisadores (cf. Bagno, 2006).

Esta visão de língua heterogênea tem por meta contrapor-se à visão de língua homogênea, objeto de análise dos estruturalistas, e reforçada pelas gramáticas normativas. Por exemplo, André (1985), em sua gramática de língua portuguesa define língua como “sistema de signos vocais de uma comunidade”. Ao utilizar a palavra ‘signo’ este conceito nos leva à lingüística de Saussure (1962). Segundo este autor, o signo lingüístico tem duas partes: o significante, que na palavra falada é a ‘imagem acústica’; e o significado (que é o conceito que é formado pelo falante na presença de um significante). Neste conceito, podemos perceber um problema: o uso da expressão signos vocais, carrega em si a idéia de que a palavra é completa em si mesma; ou seja, um falante pronuncia não só a ‘cadeia acústica’, mas nest pronúncia o ‘conceito’ vai junto. Há como que o entendimento de que toda palavra é entendida por todos os falantes sempre da mesma forma. Entretanto, quando alguém ouve a palavra ‘casa’, este alguém vai resgatar o conceito de sua própria casa: que pode ser um apartamento, uma casa de campo, uma oca, um barracão ou até mesmo um iglu! Dessa maneira, cada falante vai formar a ‘sua’ imagem acústica daquilo que recebe, seja ouvindo ou lendo. Cabe aqui um breve comentário: este é o grande problema no ensino de leitura, nas provas de interpretação de texto, em que é esperada dos alunos uma... e só uma resposta!

Portanto, ao reconhecer a variação dos fatos lingüísticos, a Sociolingüística abre perspectivas para a compreensão da variação de outros fatos, como, por exemplo, na abordagem sobre a norma lingüística. Quando falamos de norma padrão, estamos negando a heterogeneidade da língua. Estamos abstraindo a língua, recortando-a, homogeneizando-a para evitar o trabalho de lidar com fatos variáveis. Contudo, segundo Bagno (2007: 18) “a língua não é uma abstração: pelo contrário, ela é tão concreta quanto os seres humanos de carne e osso que se servem dela e dos quais ela é parte integrante”. O autor faz esta fala em contraposição à pratica normativa das gramáticas, segundo as quais, os fatos lingüísticos que se afastam da expressão tradicional escrita, da língua dos grandes escritores, são vistos como “erro” lingüístico. Sequer consideram a língua real. Mais uma vez, deparamos-nos com o pensamento estruturalista saussureano, que só reconhece a ‘langue’, e desconhece a ‘parole’. Desta forma, vemos que a Sociolingüística, ao reconhecer a variação, reconhece também a ‘parole’, faz dela seu objeto de análise; e vê na ‘langue’, na língua padrão das gramáticas, uma utopia (cf. Bagno, op. cit.).

As gramáticas[2], nascidas na Antigüidade, buscavam suprir a necessidade de se explicar formas lingüísticas de textos arcaicos, baseada na escrita dos grandes autores. Contudo, se tiveram por origem serem só descritivas, acabaram por receberem um uso normativo e até dogmático, constituindo-se como o respaldo para muitos preconceitos lingüísticos, para muitas rotulações de língua ‘certa’ e língua ‘errada’, rótulos surgidos a partir da idéia estruturalista de língua única, homogênea.

Portanto, é a partir da aceitação da realidade heterogênea da língua que vamos reconhecer que os aprendizes de PLE, ou mesmo aprendizes de língua materna escrita, não cometem ‘erro’, cometem ‘desvios’ lingüísticos, por meio de hipóteses que utilizam; e que os manuais de gramática não são ‘camisas de força’ quanto à realização ou análise da língua; são, tão somente, uma referência útil para a compreensão dos fatos lingüísticos orais e uma dentre as várias possibilidades de realização da língua escrita.

Bibliografia
ANDRÉ, H. A. de. (1985) Gramática Ilustrada, São Paulo, Ed. Moderna, 3ª. ed.

BAGNO, M. (2007) A norma oculta. Língua e poder na sociedade brasileira, São Paulo, Parábola, 7ª. edição.

CHOMSKY, N. & HALLE, M. (1968) The Sound Pattern of English, Nova York, Harper & Row Publishers.

LABOV, W. (1968). ‘The Reflection of Social Processes in Linguistic Structures’, In: FISHMAN, J. (ed.). Readings in the Sociology of Language, The Hague: Mouton, pp. 240-51. apud MONTEIRO, L. Para compreenderLabov. Ed. Vozes: Petrópolis, RJ. 2ª. Ed. 2002.

NIVETTE, J. (1975) Princípios de gramática gerativa

SAUSSURE, F. (1962) Cours de Linguistic Générale, BALLY,C., SECHEHAYE, A. & RIEDLINGER, A. (orgs) Paris: Payot.

TARALLO, F. (1986) A pesquisa sociolingüística, São Paulo, Ática. 2a. edição.

WEIREICH, U.; LABOV, W.; HERZOG, M. (2006) Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança lingüística, Trad.: BAGNO, M., São Paulo, Parábola Editorial.

WEIREICH, U.; LABOV, W.; HERZOG, M. (1968) Empirical foundations for a theory of language, In: MALKIEL (eds). Perspective on historical linguistics, Amsterdan: Philadelphia, John Benjamins Publishing Company.



[1]Meus agradecimentos a Nélida Sosa, a Federico Polastri e a toda a equipe coordenadora do Instituto Lenguas Vivas pela oportunidade de divulgar estas idéias, resultado de reflexões a partir de muitas obras.

[2] A palavra ‘gramática’ neste contexto tem o significado de “livro com as regras de uma língua”. Outros dois significados são atribuídos à palavra gramática: (i) Para Chomsky (1968), é o “conjunto de regras que existe na mente do falante e que condiciona o seu uso lingüístico”; (ii) teoria que o lingüista tenta elaborar para explicar este conjunto de regras; ou seja, tentativa de sistematizar e codificar os dados lingüísticos” (cf. Nivette, 1975).

Volver

Imágenes de la charla

/album/imagenes-de-la-charla/dsc07798-jpg/ /album/imagenes-de-la-charla/dsc07796-jpg/ /album/imagenes-de-la-charla/dsc07768-jpg/ /album/imagenes-de-la-charla/dsc07762-jpg/ /album/imagenes-de-la-charla/dsc07751-jpg/ /album/imagenes-de-la-charla/xdsc07763-jpg/